ESG: por que sua marca precisa entender e refletir essa perspectiva

ESG. Esta é uma sigla que tem sido vista com cada vez mais frequência, mas que ainda faz muita gente levantar as sobrancelhas. Estabelecida na primeira década do século, ESG significa “environmental, social, and governance” e, de certa forma, levou a sustentabilidade para outro patamar ao incluir preocupações sociais e a administração responsável das empresas nas questões ambientais.

Para se ter uma ideia, entre maio de 2020 e maio de 2022, as buscas pelo termo ESG se multiplicaram por dez no Brasil, segundo dados do Google Trends.1 Essa tendência reflete uma percepção de que investir em sustentabilidade a partir de um entendimento mais amplo é essencial para as marcas continuarem relevantes.

Investir em sustentabilidade a partir de um entendimento mais amplo é essencial para as marcas continuarem relevantes.

Há dois aspectos envolvidos aí. Em primeiro lugar, o mercado de capitais já considera que práticas sustentáveis são um diferencial para investimentos — 83% dos líderes executivos acreditam que programas do tipo resultam em maiores rendimentos para acionistas em cinco anos.2

De certa forma, esse primeiro aspecto está ligado ao segundo: os consumidores estão buscando de forma ativa por empresas e marcas cuja atuação se dá de forma responsável. Esse é, ainda, um movimento tímido. Buscas por preservação de matas, florestas e oceanos, por exemplo, ainda são 66 vezes menos frequentes na comparação com pesquisas sobre restaurantes.3

Por outro lado, as buscas por termos ligados à preservação subiram 420% entre o fim de 2020 e de 2021; ou seja, apesar de tímido, trata-se de um movimento em franca expansão.4 Frente a esse cenário, pode parecer que a adoção dos princípios ESG seja uma questão pacificada dentro das empresas.

Infelizmente, ainda não é o caso. Um termo que recebe tanta atenção quanto a sigla é o “greenwashing”, ou seja, vender um discurso que não se traduz em ações ou consequências práticas.

Entre os 20 maiores fundos de investimento ESG do mundo, por exemplo, cada um possui, em média, ações de 17 empresas ligadas à exploração de combustíveis fósseis. E isso nem sequer arranha a superfície de companhias que se propõem sustentáveis, mas não aplicam políticas de diversidade ou governança.5

Acreditamos que é necessário contribuir para uma maior adoção de princípios ESG em outras companhias e marcas que trabalham conosco.

Aqui no Google, nos comprometemos com os princípios da sustentabilidade. Da porta para dentro, fomos a primeira empresa a se tornar carbono neutro, compensando emissões de carbono desde 2007 e nos comprometendo a usar apenas energia renovável até 2030. Além disso, acreditamos que é necessário contribuir para uma maior adoção desses princípios da porta para fora, ou seja, em outras companhias e marcas que trabalham conosco.

Na minha apresentação durante o Google for Brasil, evento que voltamos a organizar após dois anos de pausa por conta da pandemia, trouxe várias iniciativas distintas do Google para contribuir com a melhora da adoção dos princípios de ESG no país. Aqui, gostaria de ir além e destacar de que forma esse movimento pode ajudar grandes e pequenas empresas.

  • Consciência ambiental

Sem dúvida, a relevância da discussão sobre o meio ambiente é a mais conhecida quando falamos sobre ESG. Empresas que não se posicionam frente a esse tópico correm o risco de ser preteridas pelos consumidores. Buscas por por “crise climática” e “lixo e resíduos” cresceram, respectivamente, 250% e 225% na comparação entre 2020 e 2021.6

Por um lado, isso significa que marcas precisam apostar em produtos que atendam a expectativa por um consumo mais sustentável. Por outro lado, também há a necessidade de adotar práticas sustentáveis internamente. O foco em embalagens de origem plástica, um exemplo de ação incipiente, ainda é uma barreira difícil de ser superada.

  • Transformação social

Recentemente, publicamos no Think with Google a série O Poder do Para, em que destrinchamos como os consumidores estão buscando com mais afinco a autoafirmação das suas identidades, por mais variáveis que sejam. Isso vai desde o reconhecimento e oferta de produtos para cabelos de todos os tipos, valorização de populações mais velhas, reconhecimento da diversidade sexual e inclusão de pessoas com deficiência.

Como no caso de produtos que citei acima, esse recorte de populações e grupos identitários anseia por serviços específicos para atender suas necessidades. A oferta e até o desenvolvimento desses produtos e serviços, no entanto, também dependem da inclusão desses grupos dentro das próprias empresas. Esse é um campo onde ainda patinamos no Brasil: 90% dos CEOs no país são homens brancos.7

  • Responsabilidade corporativa

Governança é o campo mais difícil de traduzir para os consumidores e pode parecer que o interesse fica restrito ao mercado corporativo, o que não é verdade. Pelo contrário, há uma área intimamente ligada à governança que tem atraído atenção do público geral: a transparência no uso de dados pessoais.

Transformações regulatórias à parte, consumidores demandam mais respeito em relação a sua privacidade. 48% da população mundial já deixou de comprar produtos ou utilizar serviços por preocupações relativas a essa questão.8 Mas também há uma oportunidade aí: dados dão conta de que cada US$ 1 investido em proteção de dados traz um retorno de US$ 2,70 para uma marca.9

Esses são pequenos recortes de como a agenda ESG pode trazer melhores resultados para empresas e marcas brasileiras. Sabemos que transformações do tipo não são fáceis, pelo contrário, impõem uma série de desafios para organizações estabelecidas. No entanto, esses são desafios que precisam ser encarados.

Faz parte dos planos do Google ajudar um bilhão de pessoas a fazer escolhas mais sustentáveis em 2022. E, como parte desse objetivo, vamos continuar a gerar dados e insights para facilitar a compreensão do panorama de ESG e ajudar companhias, no que for necessário, a abraçar essa inadiável agenda.

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